O transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) é um transtorno psiquiátrico caracterizado por: pensamentos, ideias, imagens ou impulsos intrusivos e desagradáveis (obsessões) e comportamentos ou atos mentais repetitivos realizados com o intuito de reduzir a ansiedade resultante das obsessões ou de acordo com regras rígidas (compulsões).

Embora os sintomas do TOC apresentem um conteúdo extremamente variável, eles costumam se agrupar em quatro grandes fatores, incluindo: obsessões de contaminação associadas a compulsões de lavagem; obsessões de conteúdo agressivo, religioso ou sexual acompanhadas de compulsões de checagem; obsessões e compulsões envolvendo simetria e organização; obsessões e compulsões de colecionismo, acumulação ou estocagem.

O TOC resulta em sofrimento e redução da qualidade de vida dos pacientes e seus familiares e em prejuízos para a sociedade. Geralmente, as obsessões são vivenciadas como intrusivas e inadequadas (ou seja, egodistônicas), o que gera mal estar e ansiedade significativos.

As compulsões se caracterizam por comportamentos repetitivos (por exemplo; lavar as mãos, ordenar, verificar ou apenas atos mentais como orar, contar, repetir palavas em silêncio), realizados em resposta às obsessões ou de acordo com regras rígidas, sempre visando prevenir ou reduzir a ansiedade ou sofrimento, e não obter prazer ou gratificação.

Especula-se que a vergonha e o constrangimento associados aos sintomas obsessivos-compulsivos, somados ao desconhecimento dos clínicos quanto ao diagnóstico e ao tratamento correto do TOC, resultem em períodos médios de 17 anos entre o aparecimento dos sintomas e a instituição da terapêutica adequada.

Como seria de se esperar, o TOC associa-se a maiores taxas de desemprego e menor produtividade econômica. Também parece ser mais prevalente dentre divorciados ou separados do que em indivíduos casados ou solteiros. Estudos de follow up observeram que o uso de drogas ilícitas (por exemplo, cocaína) e ocorrência de eventos estressantes foram fatores de risco sólidos para o aparecimento subsequente do TOC. De forma semelhante, mais de um estudo transversal demonstrou uma associação entre complicações na gravidez ou parto e TOC.

A aparência do paciente com TOC é variável. Os pacientes podem se apresentar de forma excessivamente cuidada, vestindo trajes escuros ou formais ou, ao contrário, de forma desleixada, particularmente quando deprimidos. Vale lembrar que indivíduos que se lavam de forma compulsiva podem desenvolver lesões dermatológicas graves.

Os pacientes com colecionismo (acúmulo desnecessário de objetos) costumam perceber seus pertences como uma extensão de si mesmo e, muitas vezes, são incapazes de quantificar o caos que resulta de suas acumulações.

Em um estudo recente, as razões pelas quais diferentes tipos de compulsões são realizadas foram investigadas em 108 pacientes com TOC. Nesse estudo, compulsões de checagem foram frequentemente realizadas em razão de uma crença de que algo ruim ou desagrdável poderia acontecer se  paciente não checasse, compulsões de lavagem ou limpeza foram mais frequentemente realizadas automaticamente para diminuir angústia ou ansiedade, compulsões de ordenação, simetria ou repetição para alcançar uma sensação de “estar legal”, compulsões mentais foram realizadas automaticamente com muito mais frequência do que por outras razões.

Associadamente, mais de 30% dos pacientes com TOC apresentam tiques, ou seja, movimentos súbitos, bruscos, estereotipados, semivoluntários e transitoriamente suprimíveis. Os tiques podem ser fônicos, como pigarrear, grunhir ou falar determinadas sílabas ou palavras, incluindo palavrões (coprolalia) ou o que acabou de ser falado por outros (ecolalia), ou podem ser motores, como piscar, girar os olhos, flexionar o pescoço, executar atos obscenos (copropraxia) ou repetir ações de outras pessoas (ecopraxia).

Pacientes com TOC apresentam risco aumentado para depressão, fobia social e transtorno de controle de impulsos. O tratamento inclui terapia e medicação.O acompanhamento é feito a longo prazo e, frequentemente, doses elevadas das medicações são necessárias.

A ajuda de um profissional capacitado pode fazer toda a diferença. Em caso de dúvidas ou maiores esclarecimentos, procure seu psiquiatra e psicólogo.

Dra Fernanda Seixas

 Psiquiatra da Clínica CorpoMente

(61) 33632934

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