O transtorno do humor bipolar (THB) foi descrito no século XIX e acomete cerca de 1% da população mundial. Trata-se de um transtorno com etiologia e neurobiologia complexas, ainda não totalmente conhecidas. Apresenta um quadro clínico composto por alternâncias de humor entre as fases depressivas, maníacas ou hipomaníacas.
O quadro clínico do THB tende a ser bem variado e, muitas vezes, misto. O humor no estado maníaco geralmente está elevado, exaltado e/ou autoconfiante. As descrições clássicas relatam que o humor é incontido, alegre, pomposo e muda facilmente para irritabilidade. Além disso, o indivíduo mostra-se predominantemente exaltado, confiante em seu sucesso, corajoso, feliz e contente.
Com frequência, existe uma instabilidade emocional e ele fica insatisfeito, implicante, intolerante, impertinente e até mesmo bruto. Ri e dança o dia inteiro e apresenta estados de agitação e excesso de energia.
O pensamento pode ficar acelerado, com uma pressão de discurso e fuga de ideias. Todos os estímulos intrusivos e qualquer nova possibilidade distrairão a atenção do paciente. Pode haver alteração formal do pensamento sendo que os pacientes em mania costumam ter discursos longos, complexos e grandiosos.
A atividade como um todo fica aumentada, tanto a física como a mental, com um crescimento de energia, uma menor necessidade de sono, apetite diminuído e sem o cansaço. Os pacientes em mania tendem a ficar frequentemente impulsivos (é comum gastar muito dinheiro) e hipersexualizados.
Os quadros hipomaníacos são caracterizados por sintomas semelhantes aos da mania, com uma intensidade diminuída, sem sintomas psicóticos e sem causar um grande prejuízo no funcionamento social e ocupacional. Muitas vezes, esses quadros passam desapercebidos pelos familiares e pelos pacirentes.
Já o humor nos estados depressivos é triste, pessimista e desesperançoso. Apresenta-se com sentimentos de inutilidade com a perda da capacidade de vivenciar o prazer. Há também irritabilidade, ansiedade e raiva.
O pensamento nos estados depressivos pode ficar mais lento, com conteúdo de morte e suicídio, assim como pode ocorrer a presença de hipocondria e de sentimentos de culpa. Os pensamentos autodepreciativos ou autoacusatórios costumam ser consideravelmente prevalentes.
Geralmente, há dificuldade de concentração ou redução da velocidade do pensamento. As atividades globais ficam mais lentas, com falta de energia e cansaço presentes. Também existe falta de motivação para as atividades coloquiais e há presença de padrões alterados de sono (hipersonia) e alimentação (aumento do apetite).
É muito importante diferenciar a depressão unipolar da depressão bipolar pois os tratamentos, orientações e terapêuticas são distintos. Portanto, deve-se desconfiar de depressão bipolar quando há intenso retardo psicomotor, sintomas atípicos (ansiedade, hipersonia e hiperfagia) e presença de sintomas psicóticos. Além disso, um início mais precoce, episódios mais longos, história familiar de THB e episódio depressivo de início abrupto no puerpério também são fatores de risco. Entretanto, nenhum desses sintomas é específico o suficiente para diferenciar claramente episódios unipolares dos bipolares.
Dessa maneira, a avaliação individulaizada e pormenorizada de cada caso é imperativa. Na dúvida, busque auxílio de um profissional capacitado.
Dra Fernanda Seixas
Médica Psiquiatra da CorpoMente
(61)33632934
Tenho um filho com 36 anos e lendo e relendo essa publicação, acredito que ele é bipolar no entanto será muito difícil e convence lo disso porisso queria muito uma orientação a respeito de como posso conduzir o assunto para que ele aceite ajuda de um profissional da área. Obrigada
Tenho um filho com 36 anos e lendo e relendo essa publicação, acredito que ele é bipolar, no entanto será muito difícil convence lo disso,porisso queria muito uma orientação a respeito de como posso conduzir o assunto para que ele aceite ajuda de um profissional da área. Obrigada
Alcione, entendo sua dificuldade e sentimento de impotência. Em um texto anterior, escrevi sobre como propor ajuda a quem amamos e acreditamos que precisa de auxílio. Espero que seja útil: http://corpomente.com.br/como-ajudar/
Um abraço, Fernanda