Um dos maiores dilemas envolvendo tratamentos psiquiátricos é exatamente de como chegar à ele. Se já é difícil admitir uma dificuldade, fraqueza, sofrimento, imagina apontar estas características em outra pessoa? E mais, uma pessoa amada, próxima, a quem só queremos ajudar… Frequentemente parentes, cônjuges, amigos, são cúmplices de um deterioramento gradual e progressivo da qualidade de vida de seus entes queridos e se sentem impotentes diante desta situação. O que fazer?

A postura mais adequada em situações como esta é a acolhedora. Procurar conversar, escutar e compreender o que está acontecendo. Livre-se de julgamentos e conselhos prontos: “Não entendo, você é tão privilegiado, tem família, trabalho, amigos… Imagina se tivesse passando fome! Levante-se e vamos passear no shopping…”

Acredite, mensagens “motivacionais” como esta não irão ajudar. Tente saber o que a pessoa está sentindo, se existe algo que a incomoda, como anda seu sono e apetite. É essencial demonstrar afeto e preocupação. Fazer-se presente e acessível. Respeitar o tempo e as limitações pessoais…

Se, em algum momento, o entendimento de que um auxílio profissional é necessário surgir, não se desespere. Evite tons de imposição e superioridade do tipo: “Já chega, você está no fundo do poço, terá que procurar um psiquiatra.” Atitudes impulsivas e desesperadas só irão aumentar a dor de quem se encontra paralisado. Infelizmente, buscar ajuda profissional ainda é visto como derrota, um tipo de atestado de loucura plena, um caminho sem volta…

Primeiramente, dispa-se do seu prórpio preconceito. Tente enxergar o auxílio médico como um suporte benéfico e necessário. Com isto em mente, demonstre sua preocupação com o bem-estar do paciente e, sugira, singelamente esta ajuda. “Percebi que você não tem dormido bem e se alimentado pouco, que tal procurar uma ajuda médica para atualizar os exames e buscar uma solução para estas dificuldades?”

Outra questão importante é de como toda esta situação reverbera em você, familiar, cônjuge ou amigo. É muito comum, diante do sofrimento alheio, sucumbirmos e entristercemos também. Esteja vigilante para todas as suas reações. É normal se sentir desconfortável, preocupado. Tente não se culpar ou buscar explicações racionais. Apenas se faça presente. Procure ajuda se sintomas mais graves surgirem (insônia, alteração do apetite, ansiedade, entre outros).

Enfim, não há regras ou manuais de conduta em situações tão delicadas como estas. Um bom começo é apostar na compreensão, paciência e amor.

Dra Fernanda Seixas

 Psiquiatra da Clínica CorpoMente

(61) 33632934

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