“… Importante, em verdade, é o homem que está na arena, com a face coberta de poeira, suor e sangue; que luta com bravura, erra e, seguidamente, tenta atingir o alvo. É aquele que, no sucesso, melhor conhece o triunfo final dos grandes feitos e que, se fracassa, pelo menos falha com ousadia, de modo que o seu lugar jamais será entre as almas tímidas, que não conhecem nem a vitória, nem a derrota…”

Theodore Roosevelt

            Ir para a arena… Despir-se, mesmo que momentaneamente, de medos, incertezas, inseguranças e lutar com braveza. Qualquer pessoa que já tenha estado na dura posição de “paciente psiquiátrico” certamente se identificará com tal cena.

            Procurar este tipo de ajuda é, antes de tudo, externalizar alguma vulnerabilidade pessoal em meio a uma sociedade que condena com veemência qualquer tipo de fraqueza ou derrota. Impõe expectativas inalcançáveis, contraditórias e competitivas sobre como e quem devemos ser.

            Normalmente, face a uma dificuldade, tendemos a nos recolher, ser acometido por sentimentos de vergonha e pessimismo. Há sempre uma voz interna esbravejando: “você não é o bom o bastante” ou “quem você acha que é?”

            Neste sentido, ao invés de encararmos todos estes fantasmas com coragem e ousadia, optamos por um lugar fora da arena, de onde observaremos de longe o que nos desintegra e consome lentamente.

            Portanto, hoje o texto é para saudar todos aqueles que um dia resolveram admitir suas vulnerabilidades, encarar suas vergonhas e superar preconceitos. Porque, infelizmente, a psiquiatria ainda carrega um estigma negativo, já que predispõe conversas a respeito de temas difíceis e polêmicos.

            Lidar com as próprias fraquezas é o próprio conceito de coragem. E mais, está inversamente relacionada a eventos como vício, depressão, violência, agressão, suicídio… A habilidade de enfrentar algo que fizemos ou falhamos em fazer é desconfortável, mas adaptável. E é exatamente isto que o tratamento psiquiátrico propõe.

            É desafio de qualquer profissional de saúde mental tornar o acesso à arena mais viável. Permitir que as pessoas possam desfrutar de vitórias e derrotas honestas, sem receio de serem julgadas por suas atitudes e posturas. Que cultivem a ousadia necessária para uma felicidade plena…

Dra Fernanda Seixas

 Psiquiatra da Clínica CorpoMente

(61) 33632934

2 thoughts on “Sobre Psiquiatria e Coragem

  1. Muito bom Dra. Fernanda! Tou gostando de ver seus textos!

    Esses enfrentamentos são de todo ser humano! E assim como qualquer um pode precisar de tratamento para o corpo, pode acontecer da mente também precisar de ajuda… Um grande beijo!

  2. Lili, querida, que bom receber seu feedback! Mente sã, corpo são! Espero que as pessoas se abram cada vez mais e se disponham a dialogar sobre saúde e bem estar mental. Um grande beijo
    Obs: Ansiosa pelo seu quadro, já sei até onde colocar.

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