O manual diagnóstico de transtornos mentais é extenso e, muitas vezes, assustador. É difícil escapar ileso de todas das muitas descrições patológicas que ali estão. As críticas são incisivas e impiedosas: há patologização em excesso, intervenções desnecessárias e medicação em demasia. Mas por que ele continua sendo um importante guia para os profissionais que lidam com saúde mental?

A principal função da reunião de sintomas diversos em formulações diagnósticas é a tentativa de padronização de conduta e, com isso, proteção e eficácia maiores para os pacientes. É como se os profissionais estivessem usando uma mesma língua para, dessa maneira, poderem trocar informações, aprimorar terapêuticas, realizar estudos científicos impactantes e buscar um melhor desfecho para cada caso estudado.

Entretanto, é necessário discernimento e sabedoria para não cair no extremo de diagnosticar demais ou relativizar questões importantes. A verdade é que cada paciente antes de ser um amontoado de sinais e sintomas é um ser humano ímpar, com uma história única, corpo e mente incomparáveis, sensações e pensamentos singulares.

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Assim, podemos até agrupar pessoas completamente diferentes em diagnósticos semelhantes, mas jamais iremos unificar nossas propedêuticas e avaliações. Falar que um paciente está deprimido pode significar uma infinidade de circunstâncias e apresentações clínicas. Desde ansioso, triste, insone, desinteressado, acelerado, choroso, apático, entre outros. O diagnóstico é importante para o profissional pois funciona como um guia, norteador de suas futuras decisões e orientações.

Para o paciente,no entanto, dar um nome ao conjunto de sinais e sintomas que o aflinge não é o mais importante. Qualquer pessoa é muito mais que um diagnóstico ou um código expresso em letra e número. A grande questão é justamente compreender e acolher esta sinalização do CorpoMente com honestidade e compaixão.

A ciência auxilia, os manuais orientam, mas os desfechos clínicos são únicos e individuais. Lembre-se, somos potencialmente imprevisíveis, muito mais extensos que qualquer definição ousar limitar.

 

Dra Fernanda Seixas

Psiquiatra da CorpoMente

(61) 33632934

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