Durante séculos o uso do tabaco foi difundido das Américas para todo o mundo por acreditar-se que era uma erva dotada de propriedades medicinais, capaz de curar doenças diversas como a bronquite crônica, asma, doenças do fígado, e dos intestinos, reumatismo e outras.cigarette-1148205No final do século XIX e, sobretudo, na 1ª metade do século XX, a explosão do consumo de tabaco definiu a consolidação da potência econômica das indústrias fumageiras. Isto se deu graças a dois fatores: a produção de cigarros em escala industrial e a um processo agressivo de propaganda e marketing. Este último foi historicamente decisivo para dar ao comportamento de fumar uma representação social positiva, através de um processo de associação entre o consumo de derivados do tabaco e o ideal de auto-imagem, como beleza, sucesso, liberdade.

O tabagismo responde atualmente por 40 a 45% de todas as mortes por câncer, 90 a 95% das mortes por câncer de pulmão, 75% das mortes por DPOC, cerca de 20% das mortes por doenças vasculares, 35%cardiovasculares, entre homens de 35 a 69 anos de idade, nos países desenvolvidos (WHO, 1999). Este fato das mortes por doençascontribui para que hoje o tabaco responda por 15 % do total de mortes nesses países (Murray & Lopez, 1996).

           Quer parar e não sabe por onde começar? A CorpoMente te ajuda.

1)    Abordagem Cognitivo-Comportamental

É uma abordagem que combina intervenções cognitivas com treinamento de habilidades comportamentais, e que é muito utilizada para o tratamento das dependências. Os componentes principais dessa abordagem envolvem: a detecção de situações de risco de recaída; o desenvolvimento de estratégias de enfrentamento. Dentre as várias estratégias empregadas nesse tipo de abordagem temos, por exemplos, a auto-monitoração, o controle de estímulos, o emprego de técnicas de relaxamento.

Em essência, esse tipo de abordagem envolve o estímulo ao auto-controle ou auto-manejo para que o indivíduo possa aprender como escapar do ciclo vicioso da dependência, e a tornar-se assim um agente de mudança de seu próprio comportamento.

Os maiores desafios desta técnica são:

1. preparar o fumante para soluções de seus problemas;

2. estimular habilidades para resistir as tentações de fumar;

3. preparar para prevenir a recaída;

4. preparar o fumante para lidar com o stress.

2)    Farmacoterapia

A farmacoterapia pode ser utilizada como um apoio, em situações bem definidas, para alguns pacientes que desejam parar de fumar. Ela tem a função de facilitar a abordagem cognitivo-comportamental, que é a base para a cessação de fumar e deve sempre ser utilizada.

Existem, no momento, algumas medicações de eficácia comprovada na cessação de fumar. Esses medicamentos eficazes são divididos em duas categorias: medicamentos nicotínicos e medicamentos não-nicotínicos.

Os medicamentos nicotínicos, também chamados de Terapia de Reposição de Nicotina (TRN), se apresentam nas formas de adesivo, goma de mascar, inalador e aerossol. As duas primeiras correspondem a formas de liberação lenta de nicotina, e são, no momento, as únicas formas disponíveis no mercado brasileiro. O inalador e o aerossol são formas de liberação rápida de nicotina e ainda não estão disponíveis em nosso mercado.

Os medicamentos não-nicotínicos são os anti-depressivos bupropiona e nortriptilina, e o anti-hipertensivo clonidina. A bupropiona é o medicamento de eleição nesse grupo, pois segundo estudos científicos, é um medicamento que não apresenta, na grande maioria dos casos, efeitos colaterais importantes.

A TRN (adesivo e goma de mascar) e a bupropiona são considerados medicamentos de 1ª linha, e devem ser utilizados preferencialmente. A nortriptilina e a clonidina são medicamentos de 2ª linha, e só devem ser utilizados após insucesso das medicações de 1ª linha. Ainda receoso ou não totalmente convencido? Confira os benefícios da cessação.

• Após 2 minutos a pressão arterial e a pulsação voltam ao normal.

• Após 3 semanas a respiração se torna mais fácil e a circulação melhora.

• Após 1 ano o risco de morte por infarto do miocárdio se reduz à metade.

• Após 5 a 10 anos o risco de sofrer infarto será igual ao das pessoas que nunca fumaram.

• Após 20 anos o risco de contrair câncer de pulmão será igual ao das pessoas que nunca fumaram.

Benefícios econômicos:

• O fumante pode ser questionado sobre o quanto gasta com a compra do cigarro e quanto ele economizará deixando de fumar. Calcule o quanto ele gasta por mês ou por ano e relacione o montante final com o que ele poderia fazer ou comprar.

Outros benefícios:

• Fortalecimento da auto-estima.

• Melhora do hálito, e do cheiro.

• Melhora da coloração dos dentes e a vitalidade de pele.

• Dar um bom exemplo para as crianças.

• Não ter que se preocupar se estará incomodando outras pessoas ao fumar.

• Ter uma melhora no desempenho de atividades físicas.

• Estar contribuindo para redução dos danos ao meio ambiente: para cada 300 cigarros produzidos, uma árvore é derrubada; o filtro do cigarro leva cerca de 100 anos para ser degradado.

Tomou coragem? Procure um profissional capacitado!

Dra Fernanda Seixas

Psiquiatra da Clínica CorpoMente

(61)33632934

2 thoughts on “Tabagismo

  1. Excelente texto, Dr. Fernanda. Muito obrigado pelas explicacoes…. me sinto motivado para o desafio.

    Abracos!

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