Trabalhar em um hospital psiquiátrico clássico, movimentado e intenso é, sobretudo, desafiador. Situações emergenciais já são, por sua essência, intensas e demandadoras. No tocante à Psiquiatria, vivemos os mais complicados dilemas , testemunhando os extremos dos diversos transtornos mentais, recebendo desde os pacientes  agitados e inquietos aos negativistas e catatônicos.

Enfim, aprendemos diariamente a lidar com vivências extenuantes e temos a díficil missão de acolher toda e qualquer forma de manifestação psíquica humana. Um legado que percebemos logo cedo é que, de forma geral, a maioria das crenças relacionadas a pacientes psiquiátricos graves é infundada.

Um olhar sincero para estes casos revela uma essência básica e quase universal: são seres humanos que sofrem, anseiam por compreensão, dignidade e felicidade, incomodam-se com questões que não conseguem controlar ou evitar, tentam corresponder às expectativas e entristecem-se por serem deliberadamente desprezados e ignorados.

De maneira geral, não são violentos ou ameaçadores, tampouco hostis ou desmiolados, têm muita coisa para dizer e humildade para ouvir, são pessoas reais, com vontades e desejos, defeitos e qualidades e tudo mais de complexo que nos define humanos e sociais.

Portanto, por mais que a mídia insista, os jornais defendam, especialistas confirmem, não caia no erro de rotular ninguém. Ao contrário, experimente questionar estas ideias pré-concebidas e moldadas, um mundo diferente e melhor poderá surgir em consequência. E talvez isto seja bastante animador.

Dra Fernanda Seixas

 Psiquiatra da Clínica CorpoMente

(61) 33632934

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