A ansiedade é uma vivência cotidiana comum a todas as pessoas. Pode servir para aumentar a motivação e a produtividade. No outro extremo, reações intensas, do tipo luta e fuga, podem contribuir para a sobrevivência em resposta a ameaças importantes.

Entretanto, quando a ansiedade ocorre inapropriadamente ou em graus exagerados, pode-se tornar patológica, trazendo sofrimento importante e/ou prejuízo funcional. Ou seja, da forma como os transtornos de ansiedade são definidos atualmente, a ansiedade patológica pode ser diferenciada da ansiedade normal de duas formas: os sintomas provocam um sofrimento clinicamente significativo e os sintomas interferem consideravelmente nas atividades do paciente.

Atualmente, o Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) é caracterizado por ansiedade excessiva e por preocupações sobre diversos eventos ou situações rotineiras na maioria dos dias.

Os sintomas físicos podem incluir: tensão muscular, mãos úmidas e frias, boca seca, sudorese, náusea, diarreia, dores no corpo. Os sintomas psicológicos frequentemente englobam irritabilidade, insônia, dificuldade de concentração e falhas de memória.
É importante excluir causas clínicas que podem gerar sintomatologia semelhante tais como: hipertireoidismo, doença pulmonar obstrutiva crônica, problemas cardíacos, abuso de substâncias estimulantes (café, cocaína), abstinência de depressores do sistema nervoso central (álcool, benzodiazepínicos, barbitúricos) entre outras.

O TAG está associado com um risco maior para diversas doenças somáticas, incluindo: asma, úlcera péptica, síndrome do intestino irritável, enxaqueca, doenças cardiovasculares. Sabe-se, ainda, que 67% dos pacientes apresentam depressão como comorbidade em algum momento da vida.

O tratamento envolve medidas farmacológicas e não farmacológicas. É preciso definir metas reais e mudanças de hábitos podem ser úteis, como eliminar uso de estimulantes (cafeína e nicotina, por exemplo) e praticar exercícios regularmente.

A intervenção psicoterápica é necessária na maioria dos casos. A eficácia da TCC (terapia cognitiva comportamental) foi demonstrada em diversos estudos científicos e é considerada tratamento de primeira linha para o transtorno em questão.
Técnicas de manejo da ansiedade tais como relaxamento, treino de respiração diafragmática, meditação, relaxamento muscular progressivo, higiene do sono e manejo do tempo são importantes e eficazes.

Em relação à terapia medicamentosa, os antidepressivos, particularmente os inibidores seletivos da recaptação de serotonina e a venlafaxina são considerados prioritários no TAG. Os benzodiazepínicos (ansiolíticos) podem ser utilizados de maneira intermitente, em períodos de piora dos sintomas. Outras opções e combinações terapêuticas devem ser consideradas se houver resposta parcial ou insatisfatória.

O Transtorno de Ansiedade Generalizada é considerado crônico e as remissões completas ocorrem em menos de um terço dos pacientes. Como a maioria das síndromes psiquiátricas, o TAG deve ser avaliado subjetivamente e adequadamente em cada manifestação individual.

É fundamental que o paciente desenvolva um olhar atento e crítico em relação aos seus hábitos rotineiros, tendências comportamentais e gatilhos situacionais que possam envolver o desencadeamento dos sintomas físicos e psicológicos.

Muitas vezes, o tratamento se prolonga, a despeito de uma estabilização satisfatória. Isso ocorre porque, em determinados casos, há uma predisposição e maior sensibilidade para o desenvolvimento do transtorno. Dessa maneira, medicação e terapia passam a funcionar como profilaxia de novas crises e sofrimentos. Isto não significa dependência do remédio ou fracasso pessoal. É apenas a maneira correta de manejar uma doença crônica, tal como a hipertensão ou a diabetes (nenhum destes pacientes param de tomar o remédio depois que controlam sua pressão ou glicemia, não é mesmo?)
A queixa referente à ansiedade está entre as mais comuns na prática clínica. A dinâmica da vida moderna parece favorecer o aparecimento dos sintomas relatados. Se você se identificou com o texto, não hesite em procurar os profissionais capacitados. Priorize sua qualidade de vida, cuide do seu bem-estar mental.

Dra Fernanda Seixas

 Psiquiatra da Clínica CorpoMente

(61) 33632934

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