A fobia é uma subclassificação dos transtornos ansiosos e é caracterizada por medos irracionais associados à evitação de estímulos específicos ou situações determinadas. Sua prevalência é elevada, sendo, atualmente, um dos mais frequentes transtornos psiquiátricos relatados e tratados.
Os principais subtipos de fobia incluem fobia a animal (cobra, inseto, cachooro), ambiente natural (água, tempestade, trovão), sangue-injeção-ferimentos (procedimentos médicos em geral), situacional (andar de avião, transportes coletivos, elevadores, dirigir) e outros (fobia de certos alimentos, fobias sexuais, fobia de doença).
Geralmente, a situação fóbica é evitada pelo sujeito ou suportada com grande ansiedade e pode interferir significativamente na rotina normal do indivíduo, em seu funcionamento ocupacional ou acadêmico, em atividades e relacionamentos sociais.
Os principais sintomas fisiológicos associados às fobias específicas (FE) são similares aos observados em transtornos de ansiedade, como, por exemplo, sudorese, aumento da frequência cardícado, tremores, dificuldade respiratória, entre outros. Contrastando com os outros subtipos de fobia específica, o subtipo sangue-injeção-ferimentos apresenta, em muitos casos, uma resposta característica de desfalecimento vasovagal, ou seja, breve aceleração inicial do ritmo cardíaco seguida por sua desaceleração e queda da pressão sanguìnea.
Dentre os comportamentos publicamente observáveis relacionados à exposição fóbica, destacam-se as respostas de congelamento ou fuga frente ao objeto temido. Já os comportamentos encobertos carcaterizam-se, basicamente, por pensamentos de antecipação da situação ou objeto temido.
O diagnóstico é feito diante de um medo acentuado e persistente, excessivo ou irracional, revelado pela presença ou antecipação de um objeto ou situação fóbica (por exemplo, medo de voar, alturas, animais, ver sangue…). A exposição ao estímulo fóbico provoca, quase que invariavelmente, uma resposta imediata de ansiedade, que pode assumir a forma de um ataque de pânico ligado à situação ou predisposto pela situação.
O indivíduo reconhece que o medo é excessivo ou irracional. A situação fóbica é evitada ou suportada com intensa ansiedade ou sofrimento. A esquiva, antecipação ansiosa ou sofrimento na situação temida interfere significativamente na rotina normal do indivíduo.
Estima-se que entre 50 e 80% dos indivíduos com FE tenham outro transtorno psiquiátrico. A co-ocorrência entre FE e transtornos de ansiedade, bem como transtornos afetivos (depressão), tem sido descrita como muito frequente.
A maioria dos pacientes não procura tratamento e se limitam a organizar suas atividades evitando contato com os estímulos temidos. Em alguns casos, esse padrão de comportamento pode desencadear um estilo de vida restrito.
O tratamento medicamentoso para FE é considerado coadjuvante (porém contribuidor) e o principal foco é a diminuição da ansiedade e do comportamento de evitação a fim de atenuar o desconforto e limitação funcional secundárias às fobias. Para tanto, as terapêuticas que vêm mostrando melhores resultados fazem uso de técnicas de exposição e partem da premissa que para se livrar do medo é preciso senti-lo.
As abordagens teóricas que trabalham com essa premissa são a análise do comportamento e terapia cognitivo-comportamental (TCC)
. Os procedimentos adotados no manejo clínico das fobias incluem dessensibilização sistemática e exposição com prevenção de respostas. A combinação entre relaxamento e exposição do paciente a estímulos aversivos se dá por meio da imaginação ou ao vivo e incluem ensinar ao paciente uma resposta contrária à ansiedade (relaxamento profundo, por exemplo) e exposição gradual aos estímulos que produzem medo.
Não hesite em procurar profissionais capacitados, a sua saúde física e mental agradecem.
Dra Fernanda Seixas
Médica Psiquiatra da CorpoMente