Hoje, o assunto é sobre as doenças que surgem no cérebro e são expressas por meio da mente: as doenças mentais. As doenças mentais muitas vezes são ignoradas, mal-entendidas ou estigmatizadas. Enfrentar qualquer doença grave nos deixa carregados de emoções e de medo, fazendo com que aqueles que têm a capacidade de sentir empatia ou de introspecção reconheçam que também são vulneráveis e que também podem sofrer o mesmo destino.

As doenças mentais provavelmente produzem a reação mais intensa, pois, dentre todas as doenças humanas são as menos compreendidas. Nossa reação intuitiva quando confrontados na calçada com uma pessoa desarrumada e murmurante que sofre de doença mental é desviar o olhar.

Existem muitas razões importantes pelas quias não podemos nos dar ao luxo de ignorar as doenças mentais. Primeiramente, elas são comuns demais. A esquizofrenia afeta 1% da população, transtorno bipolar outro 1% da população, a depressão maior outros 10 a 20% e o mal de Alzheimer 15% das pessoas com mais de 65 anos. E essas são apenas as doenças mais graves.

Em segundo lugar, elas são incrivelmente caras, do ponto de vista econômico e psicológico. Em todo o mundo, o custo chega a bilhões de dólares. As doenças mentais custam mais do que qualquer outra classe geral de enfermidade. Existem diversas formas de sumarizar o ônus econômico da doença e as enfermidades mentais devem receber grande prioridade no tratamento e na pesquisa por causa das muitas maneiras em que são custosas à sociedade.

Pesquisadores de Harvard desenvolveram uma unidade de mensuração conhecida como anos de vida ajustados para deficiências (DALYs). Esta é uma medida aplicada para pessoas entre 15 e 44 anos de idade e expressa o tempo perdido devido à mortalidade prematura e ao tempo vivido com a deficiência. A perda de um DALY é equivalente à perda de um ano para uma pessoa.

Entre os indivíduos na melhor fase da vida, a depressão custa mais para a sociedade do que qualquer outra doença (42,972 DALYs) e quatro doenças mentais estão na lista das mais caras. As lesões auto-infligidas (normalmente suicídio como consequência de doença mental) também estão entre as dez piores. Nessa faixa etária (15 a 44 anos), as doenças mentais nos fazem perder milhões de anos de vida potencialmente produtivas.

As doenças mentais não são caras apenas do ponto de vista econômico. Elas também têm um custo psicológico cruel e, infelizmente, muitas vezes são fatais, O suicídio afeta em torno de 10% das pessoas com esquizofrenia e 10% das pessoas com depressão. Observar como a esquizofrenia invade a personalidade e as habilidades mentais de um adolescente ou de um jovem adulto também causa dor quase insuportável para este e sua família. Assistir ao pai ou à mãe padecer de uma morte lenta causada pelo mal de Alzheimer é devastador.

De fato, se confrotarmos a realidade de maneira honesta compreenderemos que as doenças mentais se diferenciam de outras doenças humanas por serem especiais e assustadoras. Elas afetam os órgãos mais importantes de nossos corpos e as capacidades mais importantes que temos. Afetam o cérebro e seu produto, a mente. A medicina moderna nos ensinou que não morremos quando nosso coração pára ou quando paramos de respirar; morremos quando nossos cérebros morrem, quando param de produzir os ritmos elétricos característicos que indicam que nossas células nervosas estão disparando.

Contudo, não podemos ignorá-las. As doenças mentais são importantes agora e se tronarão mais importantes à medida que as próximas décadas se passarem. Nos últimos tempos, muitos avanços foram conquistados. Hoje, as doenças do cérebro podem ser compreendidas e tratadas com ferramentas científicas estabelecidas.

Ademais, é preciso esforço e energia ativa para que possamos discutir e desmistificar este universo. Preparar o mundo para enxergar e aceitar todas estas manifestações. São histórias reais, sobre pessoas reais que, de repente, se encontram lidando com uma doença mental e que necessitam de apoio, suporte, tratamento e compreensão.

Dra Fernanda Seixas

 Psiquiatra da Clínica CorpoMente

(61) 33632934

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