Ansiedade e medo são estados emocionais de grande valor adaptativo apesar de não serem experienciados como prazerosos. Entretanto, quando o nível de ansiedade ultrapassa determinado limiar, ela passa a determinar prejuízo no funcionamento social, sendo considerada um transtorno.
Dessa forma, quando a ansiedade é intensa, persistente e desproprocional às possíveis causas aparentes, interferindo de maneira significativa no funcionamento do indivíduo, deve ser considerada patologia e alvo de intervenção terapêutica.
O transtorno de ansiedade social (TAS) é o subtipo de transtorno ansioso mais comum e o terceiro transtorno psiquiátrico mais frequente, acomete homens e mulheres em igual proporção, seu início costuma ocorrer antes ds 18 anos, com idade média entre 10 e 13 anos. Apresenta curso crônico e sem remissões, além de ser associado a comprometimento psicossocial e prejuízo funcional.
Os indivíduos com TAS apresentam medo acentuado e persistente de situações sociais nas quais possam ser expostos a possíveis avaliações por parte de outras pessoas. Essas situações incluem comer, falar e escrever em frente aos outros, conversar com estranhos ou autoridades.
Os sujeitos com TAS procuram se esquivar de tais situações e apresentam medo persistente de embaraço ou de avaliação negativa durante interações sociais. Esses sintomas de ansiedade, geralmente, são acompanhados de sintomas autonômicos, como, por exemplo, rubor, tremor, taquicardia, sudorese e tensão musucular.
Os pacientes costumam apresentar outras comorbidades associadas ao transtorno tais como: depressão, abuso de substâncias (álcool e drogas) e outros transtornos de ansiedade.
Assim como em outros transtornos psiquiátricos, o TAS é o resultado de uma interação complexa entre variáveis biológicas e ambientais. Sabe-se que o fator ambiental tem um papel primordial no desenvolvimento do TAS e, dentre as variáveis biológicas, a genética parece exercer papel importante no seu desenvolvimento. Pesquisas apontam maior frequência de TAS em parentes de primeiro grau de sujeitos com TAS do que em controles saudáveis.
Apesar da alta prevalência de TAS, apenas metade dos pacientes, ao longo da vida, irão procurar tratamento, isso porque o referido transtorno é subdiagnosticado e sub-reconhecido, tanto pelo paciente quanto por profissionais de saúde. Seu tratamento adequado envolve reconhecimento e diferenciação de quadros de timidez.
As terapêuticas que apresentam maior evidência científica de eficácia são psicoterapia e farmacoterapia. Os inibidores seletivos de recaptação da serotonina (ISRS) e os inibidores duais são as principais classes de medicamentos utilizadas. A TCC (terapia cognitivo comportamental) é a abordagem de psicoterapia mais estudada e que apresenta alto grau de eficácia para o tratamento do TAS.
É importante considerar a manutenção do tratamento por um período mínimo de 24 semanas após remissão dos sintomas do TAS, a fim de evitar possíveis recaídas. Posteriormente, deve-se reavaliar o quadro clínico, com o objetivo de manter ou não o tratamento.
Consulte um profissional capacitado. Viver bem é cuidar da mente, do corpo e da alma.
Dra Fernanda Seixas
Psiquiatra da Clínica CorpoMente
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